sábado, 16 de fevereiro de 2013

O sentido esotérico de “espera”



Num certo sentido, o estado de presença poderia ser comparado à espera. Jesus empregou a analogia da espera em muitas de suas parábolas. Não se trata do costumeiro tipo de espera, tediosa ou agitada, que é uma negação do presente e sobre a qual já comentei. Não é uma espera na qual a atenção fica focalizada em algum ponto do futuro e o presente é percebido como um obstáculo indesejável, que nos impede de alcançar o que desejamos. Existe um tipo de espera que requer uma prontidão total. Alguma coisa pode acontecer a qualquer momento e, se não estivermos absolutamente acordados e calmos, vamos perdê-la. Esse é o tipo de espera da qual Jesus falou. Nesse estado, toda a nossa atenção está no Agora. Não há nenhum espaço para fantasias, pensamentos, lembranças, antecipações. Não há tensão, nem medo, apenas uma presença alerta. Estamos presentes com todo o nosso Ser, com cada célula do corpo. Nesse estado, o “você” que tem um passado e um futuro, em outras palavras a personalidade, dificilmente está ali. E, mesmo assim, não se perdeu nada de valor. Você ainda é essencialmente você. Na verdade, você é muito mais inteiramente você do que jamais terá sido, ou melhor, somente agora você é verdadeiramente você.

“Seja como um servo esperando pelo retorno do seu senhor”, diz Jesus. O servo desconhece a que horas o senhor vai chegar. Então fica acordado, vigilante, aprumado e sereno, para não perder a chegada do patrão. Em outra parábola, Jesus fala das cinco mulheres descuidadas (inconscientes) que não tinham levado azeite suficiente (consciência) para manter as lâmpadas acesas (ficar presente) e, assim, perderam a chegada do esposo (o Agora) e não participaram das bodas (iluminação). Essas cinco fazem um contraste com as cinco mulheres prudentes que tinham azeite (fique consciente).

Nem mesmo os homens que escreveram esses Evangelhos compreenderam o sentido dessas parábolas e, assim, os primeiros mal-entendidos e distorções surgiram enquanto eles estavam escrevendo. Com as interpretações equivocadas, perdeu-se completamente o sentido real. Essas parábolas não são sobre o fim do mundo, mas sobre o fim do tempo psicológico. Elas apontam para a transcendência da mente e para a possibilidade de se viver num estado inteiramente novo de consciência.

Nenhum comentário: